sexta-feira, setembro 11, 2009

Mercados II

Mantorras é o novo CEO não-executivo da Siderurgia Nacional – numa arrojada remodelação organizativa, a Siderurgia Nacional cooptou o avançado angolano Pedro Mantorras para seu novo CEO não-executivo. Uma fonte ligada à Siderurgia revelou que “esta designação insere-se na nova filosofia de marketing da empresa, apostada em adquirir uma imagem mais moderna e menos, digamos, enferrujada, junto do grande público”. Pedro Mantorras, apesar das suas fracas qualificações académicas e do seu microscópico tempo útil de jogo, é conhecido por ser a estrutura metálica mais famosa das imediações do Colégio Militar e pelo poder de motivação junto de franjas mais impressionáveis da população. As peças do angolano já foram inclusivamente avaliadas em cerca de 90 milhões de euros, mas nesta altura Mantorras deverá apenas receber uma quantia não revelada de óleo para as juntas e de dispositivos anti-magnetizantes.
Mantorras, neste seu novo cargo que foi criado especialmente para ele, não terá sequer que comparecer nas reuniões do Conselho de Administração. A mesma fonte apontou que o grande e único objectivo é que Mantorras “consiga dar uma dúzia de passos consecutivos em cada aparição pública, o suficiente para dar uma excelente imagem da enorme fiabilidade dos nossos produtos perante vários milhões de adeptos, tanto os animais como os vegetais”. No longo-prazo, espera-se que “[Mantorras] seja mais reconhecido como produto metálico de características humanóides” do que como “um avançado engraçado”, algo que deverá garantir à Siderurgia “para além duma publicidade monstruosa e barata, o direito a um subsídio comunitário pelo investimento tecnológico, no âmbito dos Quadros da Apoio da UE actualmente em vigor”. À hora do fecho da edição, Mantorras encontrava-se em fisioterapia num alto-forno, sendo impossível recolher reacções. Carlos Azenha descobre o seu primo nas últimas captações – a aturada prospecção de jogadores levada a cabo por Carlos Azenha, que envolve pás de alta precisão desenvolvidas por um consórcio luso-nipónico que emprega 150 unidades de mão-de-obra especializada em Gavião e que conta com o apoio explícito do Ministério da Economia, parece finalmente começar a dar frutos.
Com efeito, Azenha descobriu uma laranja em bom estado de conservação na terça-feira. E na última madrugada, Azenha, enquanto recolhia elementos num ginásio suburbano, deu de caras com o seu primo, com o qual costumava brincar pelas avenidas de Moscavide quando tinha 13 ou 14 anos. Não chega para acalmar a desconfiança dos accionistas, que só após duas agitadas assembleias aprovaram o plano de negócios apresentado por Azenha, mas já é um começo. A laranja deverá estrear-se na defesa e o seu primo, por exigir um “exorbitante” ordenado de 500 euros mensais, vai apenas devolver a bola que roubara a Carlos Azenha na sua adolescência, engrossando o lote dos reprovados. “Sem ressentimentos, há ligações que devem chegar ao fim. Ainda ganhei alguns dividendos”, declarou Azenha à saída de um encontro com potenciais futebolistas nos Inválidos do Comércio.
Azenha já procurou na sua casa, na sua rua, na sua cidade, no seu distrito, na sua província, na sua região, no seu país, na Península Ibérica, Marrocos, Brasil, PALOP, República Dominicana, Seychelles e até andou atrás do Abel Xavier durante 40 dias e 40 noites, mas até agora ainda não encontrou o perfil desejado. Já foram testados seguranças, empregados de bombas de combustíveis, chauffeurs, técnicos de plastificação, desempregados da construção civil, dois deputados, três membros eclesiásticos e um orangotango sem sucesso. Azenha passou inclusivamente o limiar mínimo de exigência de “ter jogado numa competição nacional” para “não possuir doenças infecto-contagiosas nem ser comunista” e nem assim conseguiu alguém que quisesse jogar pelo que o clube (dizia que) pagava.
Azenha não pretende desarmar, acalentando esperanças numa jazida de bons jogadores baratos que poderá estar ali ao virar da esquina. Recorde-se que é difícil extrair jogadores de boa qualidade pelas bandas do Sado desde a deslocalização dos principais investidores, sendo por isso muito bem-vindo alguém, ou algo, que dê dois pontapés seguidos numa bola. Todavia, durante as suas escavações no deserto de Gobi, Azenha não deixou de reconhecer que “se não encontrar ninguém nesta areia, pelo menos aproveito-a para fazer um dique que me proteja da linha-de-água”, espreitando assim novas oportunidades de negócio.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pra mim os cromos do momento são Semeneya e Luisão.. os tipos!! são idênticos. faz aí um post com estes 2.

Rodrigues disse...

A/o Semenya é ainda mais parecida/o com o César Prates.

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